quinta-feira, 31 de outubro de 2013

31 Outubro

A Beltaine of Bliss for us here, where Northmen called it South, where Lights are lit in the bonfires and in the hearts of men and beasts.








e um pouco de clássico, para quem lembre, onde é o frio do Samhaim!


domingo, 27 de outubro de 2013

E é Mentira

Se fosse um fato - coisa que não é - a mentira não seria sinônimo verdadeiro daquilo que é falso. Seria a aceitação admissível de uma vergonha dar carnes, que têm sentido, e de uma falha das mentes, que têm razão.
Mas não é um fato. É engodo de engodo, é uma forma de manter orgulho, é um jeito de não sofrer. É mentira - é falta daquela vileza humilde, daquela única forma de orgulho simplório. É uma hipótese, parca teoria, empirismo abstrato que sequer reconhece razão. É uma forma de distorcer um crime, um jeito de não se envergonhar. É mentira.
Como não é fato, a mentira não se constrói. A mentira não impõe. A mentira não se aceita. A mentira apenas é um jeito, é uma forma, é um ato de não perceber. De não ver. É um jeito, é uma forma, de não sofrer.




Arte de Michael Cheval (http://chevalfineart.com/)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Diaries - Dreams

#13
Mother hen gathered her little birds, all under her wings;
Then it was a crow, majestic and inky, and it hoarded pieces of hearts torn to shreds, gleaming tears glistening its coarse feathers. All that bird harbored were shards of broken dreams.

#34
I was stalked by the streets by no man nor monster or fiend - The ghosts of children that will never come gave my steps a chase, each beseeching me to find their mothers and give them substance.

#23
I had to walk all the long way to my job. Here and there I had to stop to pick up a bus at the human stop.

#10
The last speck of you left my veins and I frenzied once more. I chased down the streets that maiden thug that would give me another shot of you, but Hope, that drug lady, was nowhere to be found.

#41
I picked you up by the hands and we run down the avenue. Bombs fell all around us, each building collapsing beautifully. We laughed as we darted away from the crumbling debris and made love on the downtown ruins.The city was blown to ashes and we were on fire.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Segundo Luto

Um segundo luto, amigos, guardemos.
É pálida a tez no caixão reclinada. Perdeu o calor, lastro do sangue, e perde a cor, valor da pele.

Um segundo luto, meus caros, soframos.
É quieta a boca velória. Sem palavras e assim, sem ter o que dizer, no silêncio a morte vive.

Um segundo luto, queridos, observemos.
É certa a rigidez do falecimento. Conformada, a dureza de um morto e de suas testemunhas.

Um segundo luto, enfim, vivamos.
É calma a face na terra indiferente. No silêncio o grito se explica, no intuito de viver a vida morre.

Um segundo luto, amigos, lutemos.

domingo, 6 de outubro de 2013

de Viviane Mosé

A maioria das doenças que as pessoas têm são poemas presos.

Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras calcificadas,

Poemas sem vazão.

Mesmo cravos pretos, espinhas e cabelo encravado.

Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema. Mas não.

Pessoas às vezes adoecem da razão

De gostar de palavra presa.

Palavra boa é palavra líquida, escorrendo em estado de lágrima.

Lágrima é dor derretida. Dor endurecida é tumor.

Lágrima é alegria derretida. Alegria endurecida é tumor.

Lágrima é raiva derretida. Raiva endurecida é tumor.

Lágrima é pessoa derretida. Pessoa endurecida é tumor.

Tempo endurecido é tumor. Tempo derretido é poema.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Alma Eclipsada

Comecei com Alma Entregue. Teve Alma Confessa. Hoje é tudo diferente, tudo.





Sol de meia-noite, que foi verão no meu peito.

Até pouco parece muito pra quem se não sabe pedir sol, ganha chuva, e quer chuva se faz sol. Não se pede mais sol quando chove, nem menos sol se é meia-noite.

Peço é nada, que pedir meu peito não sabe. Suplicar é algo que desconhece. Quer; E de querer, vivo se mantém. Deseja; E de desejar tira sustento.

Se abre de noite como flor baldia e mariposa ilustrada, concha aluada ou ave corujenta. E se banha no sol, se for noite.

" Necrológio dos desiludidos do amor", Carlos Drummond de Andrade

Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.
Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas nos veremos
seja no claro céu ou turvo inferno.
Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia.
Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados competentemente
(paixões de primeira e segunda classe).
Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.