domingo, 31 de julho de 2011

Um momento de franca escrita

Now, let me shed the serpentine skin I've embroided myself with.

Back when time was young within my mind, my eyes beheld such a great lovely creature, one made of ebony and glittering love, that I could not resist.
I plunged myself into the abyss, and it was on my knees.

But I fell. That lovely hand made not a gesture to reach me down there. I hoped for it to come into my aid. I yearned for her most lovely voice. My body and mind were hurt.
She didn't came. She never came down. I had been thrown into a pit, a void, a bottomless, dark vault. The bottom was a luxury I was not given. Hope was a commodity then, one I couldn't afford with the humble coin of innocence. WHat I had of it, I lost.

But then I found strenght where others lack will. I found sustenance where others find only misery. Sorrow came into my veins so deep that it numbed me, until my blood, now running thinner, seemed to be black as the pitch of late night.
In time I realized that I was not afright. I had no fear of the void. The abyss was hugging me, clinging dark dressing me as fine fur and rich silk.
The velvet of darkess gave me new image. I knew how to go out. Sorrow, it became a source of nourishment, the blood dripping in the lips of the ghast, the ichor running in the veins of the godchildren.

That shadows had no secret for me. My light had vanished completly. I had not a remembrance of bright within my memory. Only darkness.
And in darkness I thrived. In the dark I found solace. I found strength to keep isolation all around and safety for myself.

But the time came when I had to go out. I opened that gates of dark and took the road out of the shadows. By then, I was addicted to sorrow. I could not spend much out of it's devouring grasp.

Time passed and all the while, even through my walls were as thick and strong as they had been for long, envious ivy and thorny roses had climbed them, reaching the battlements, suffocating the view I had for the outside world, pulling my eyes out of the dark reverie I had been in peace with.

Still, when the time came when my wretched voice made every leaf and every prickle and every petal wither away, the vision of mine was already blurred. The outside had tricked me again. And now I have angered the shadow gates, I was in exile, turned to my own devices.

And through a red way I found a little strength again. Still yearning for the shadows so close, but so far. I would dive into the reality cracks I cast on every wall I walk against if it was possible.
Impossible.

The darkness within me was being subdued. I was returning to my weakest and transparent state. The wight was embroided in serpentine no more.
Then a little light came nearby.

A LITTLE LIGHT CAME NEARBY.
That spark of sol showed that I had no relliance for the Shadow anymore. With such light by my side, the dark in me would grow darker, and the light in her would go blinding.
Alas! The outside reached me again. A tripwire web is set all around me, between me and the holy light my eyes had turned to.

And now I can realize, out of disrepair and under the cunning figure of the mesmerize, that a parasite had grown with me, and my doubts had been feeding this filthborn wretch since I had found strength in sorrow.
FEAR was now taking over. It was draining me. It preyed upon me when I was weak and starving on the void. It took in as easily as the nourishing shadow did to my numb limbs.

Now the traps are all set. My eyes are blurred. My senses fail. All I hope for is to get closer to the light, so the dark in the depths of me will find all its weary strength once more.

And then I will gladly unleash the shadows I forged alliances with upon those who ever fancied, in their dreams of naïve solace, that they could bring down the glory in the name of mine.

I'm not a shadow. I'm thousands of them spiralling in a confusion of masks, the bloodiest of traps carefully disguised, a poisoned thorn dressed in soft leaves, attrative to the feet.
I'm shadows. Shadows deeply in love with that light. May one day that nova blast ajar the gates on my walls, so new strength will come in.

I thirst for your endless bright, my shiny lady, my fair Giltweep.

ένα δάκρυ για τον Κρόνο

As palavras me traem. As nossas palavras nos traem.
Queria que minhas palavras me traissem mais.
Queria que as minhas palavras fossem um pouco mais expressivas.
Minhas palavras me traem.

O tempo riscou um sulco entre nós dois.
Um sulco, um risco, uma linha. Uma linha tão longa...
Jamais um círculo.
Não há círculo.
Não há círculo algum. Isolando ninguém.

Pule a linha. Eu seguro o que vier daí.
Por que não pulo? Pule e deixe-se enganar por mim.
Dê-me a chance de mentir tão bem mentido,
de poder usar da língua-de-prata, essa meu
dom divino de ficar invisível.

Mas se perceber que a mentira é insuficiente, não
objeto de maneira alguma que queira levar embora
a verdade. Não a quero. Odeio-a. Afasta-me dela.
Faz-me crer que o sulco foi riscado bem errado.
Que o sulco é errado entre nós dois, entre luz e sombra,
mas certo entre nós e a verdade.

O tempo riscou um sulco entre nós dois.
Que ele risque a nós dois,
mas jamais entre a estrela e o mar de escuridão.
Sem círculos. Sulcos, sem círculos.

Devora-me, ferrugem, e estala-me quando decidires que me quebras.

sábado, 30 de julho de 2011

::: De um bruxo mau, com carinho

Engoliria todas as facas deste reino para que não tivesses nada para passar nos pulsos além de rosas disfarçadas com espinhos;
Beberia todo o veneno que azeda este reino para que nada além de um pouco de água e talvez uns goles de vinho pudessem guardar-lhe em paz a garganta cansada já de dizer que me ama;

Sim, eu o digo. Eu o faria. Ser forrado de aço por dentro e entorpecido até as veias de veneno, se em algo ajudasse, seria minha segunda maior e mais derradeira vontade.
Preciso sair das sombras que não me queimam a pele, preciso deixar a catacumba onde me escondo, preciso dizer olá ao dragão que me serve ou descer da vassoura que sozinha me compreende para dizer a ti qual é a primeira?

Peça. Faça-me implorar da maneira mais singela. Exorcisa o que resta de paz em mim, bane o que há de bom no meu canto, desencanta as sombras em meu redor.
Suplico-te, não-bruxa: bruxa sê, tira-me da minha paz.
Tira-me, tira-me da minha paz.
Da minha paz. Tira-me, tira-me da minha paz.
Da minha paz, tira-me. Tira-me, da minha paz tira-me, tira-me.
Tira-me, tira-me da paz, minha paz. Tira-me, tira-me da minha paz.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

as às metáforas

Minhas metáforas são, vejo e muito naturalmente reconheço, bem mais complexas e inteligentes do que eu. Crio-as ou usam-me? São bem mais complexas do que creio serem à primeira vista, as minhas criações escritas. Serão elas capazes de esconderem de minha precária consciência toda a sua revoltosa estrutura? Sua beleza sintática, sua sofisticação são desconhecidas para mim no nomento em que as escrevo e admiro - não como um escritor admira seus escritos, muito mais como um professor que admira os alunos.
Vão, metáforas que chamo minhas, trilhem o mundo com as pernas de suas letras e cresçam como bem quiserem. Surpreendam-me, sim, mas tenham bem em mente:
A metáfora maior, um eu bem qualquer, a que vocês devem muito deste lado da folha ou acima da tecla, este, como metáfora, é indecifrável.

----- um lapso de realização:
se eu-metáfora sou indecifrável para mim, talvez nem as metáforas conheçam-se a si mesmas (pleonasticamente falando). Temet nosce, metáforas...

::: O Ópio, um Deus...

Dopamina... ah, minha dopamina... esvai-se, vaza, acaba-se. Finda a anestesia, foi-se o ópio até a última réstia de salvação.
Ah, o ópio, do povo e das massas, da gente e dos outros, de nós e de Deus... Que coisa tão santa, criatura tão pura ou tão sublime, humilíssima, caridosa força há de ter soprado o ópio para o meio daqui, inundando minhas veias com as nuvens de dulcíssima e alva paz, enchendo-me com a morbidez necessária à paz plena do espírito que convalesce?
O espírito no vinho,
a essência na Copa,
essa batida na música,
um delírio de minutos...

Ópio, meu ópio, cade você? Minha anestesia se esvai, já sinto as dores paralíticas voltando a caminhar, pisando-me, sem caridade. Cadê a amnésia, que já começo a lembrar de um passado que nunca vivi? E Você, Ópio, aonde vai? Onde está? Onde esteve, meu Ópio?
Você, meu ópio, é Deus. Deus, transforma-me em pedra...

terça-feira, 26 de julho de 2011

::: O longo e imemorável inverno de 2011

Luz e sombra, é verdade, venho a imaginar, gostam de brincar de ser um o outro.
A luz chega em qualquer canto do universo em sua carreira alucinada, apenas para perceber que a escuridão do vazio já está ali, esperando por ela, sorrindo ironicamente. Na primeira vez que isso aconteceu, naquela vez primeira em que o escuro fitou o olho da claridade, ambos sabiam que estavam destinados juntos. A quê? Até hoje procuro a resposta observando, à noite, as estrelas tão pálidas enleadas (ou será, sequestradas?) na pala preta do breu do escuro do vácuo do universo da lonjura do outro lado do meu chão.

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Pausa para uma plêiade:
Celaeno
~ Celaeno ~
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Um dia, não se sabe qual, a luz tocou o ombro do escuro e no escuro fez-se a luz, sabendo a luz o dia em que o escuro tornava-se mais escuro. E a luz, terá escurecido o dedo que tocou tão negro ombro?
Outro dia, não sabe-se bem quando, a luz chega com pressa para entregar-se a rabiscados amantes (rabiscados de preto, sempre, preto no branco), disfarçando a casa como castelo e de ofício seu hábito de adoração. O escuro, observando, vai lá escurecer o madrigal.
"Estranho!"

"Claro?"

Passou-se tanto tempo. Como pode paracer tão pouco?
O escuro não se reconhece mais. Ficou tão mais claro. Abomina-se. Cobrir-se-ía com seu cuspe mais desdenhoso se ao menos um grão ínfimo de coragem tivesse.
Mas e a luz? Quanto dela escureceu? Escureceu?

O que é desvirtuado sob a luz era tão óbvio na escuridão. Mas e agora que está mais claro, como conviver com esses pecados tão desnudos, tão à vista, tão coitados?
Haverá um dia apenas luz?

Alguéns, em coro, juntaram-se às sombras e entoaram seu canto:
Sonhe, escuridão, com a luz.
Vai-te escuridão, aqui fica a luz.
Adeus, escuridão, deixa livre a luz.

Vai-se a escuridão. Esvai-se a escuridão. Torna-se claro o dia. Só claro, sem mácula aparente da escuridão.

E talvez agora, em sonhos, a escuridão reze para que a luz já não esteja mais tão clara.
Suplico-te, luz, esteja escura.

O medo do amaranto

Amaranto. A flor eterna. A centelha de vida trancada na pele verde, que nas lendas nunca morre porque ao envelhecer, torna-se jovem.

Amaranto, a lenda enraizada e fotossintetizante de uma criatura que, afinal, é imortal.

Ouso, pois, colocar aqui os medos indiscorridos do Amaranto em um breve momento de comunhão que tive com um exemplar dessa floração capaz de ignorar o tempo...

::: O MEDO DO AMARANTO
O que algo que é eterno tem a temer?
Arrancam-te, tornas a enraizar-te e vives.
Assopram-te as folhas, todas, mas tornam a te enlear.
Queimam-te, mas tuas cinzas vem a ornarem-te a sépala.
Despetalam-te as pétalas, mas o mal-me-quer, bem-me-quer jamais tem fim.
Que temes, então, Amaranto?

O Amaranto:
Temo, odeio (correria se pudesse), morro de medo daquilo que sou.
Sou uma imagem.
Eu sou uma imagem.
Imagine.
Imagem.
Uma imagem.
Umagem.
Imagem. Imagem. Imagine. Imagem.

Eu:
Uma imagem, sim, mas do que é eterno. Do que dura para sempre.

O Amaranto me interrompe, e é para sempre:
Morro mil vezes ou renasço mil vezes? O que é eterno nasceu um dia? Uma imagem! Sou uma imagem. Serei só uma imagem? Ai, que imagem devo ser. Tenho medo do que sou, pois o que sou é uma imagem que não sabe se é a imagem que teme a imagem que teme ser. Tenho medo. Morro de medo. Morro de medo. Renasço de medo. Renasço com medo. Mata-me, morro-me, nasço-me, renasço-me, temo-me. Imagem-me. Uma imagem.

Eu:
Entendo. As coisas são puras somente uma vez?

O Amaranto, chorando uma pétala de sua cor:
Não sei. A imagem de desfaz. A imagem morre. A imagem se refaz. Queria morrer, ou então poder viver. Ser. Não ser imagem.

Nós:
Sou imagem?

Vida longa, arte breve

A vida é uma criança. A vida é uma débil tentativa de entender o que há de ininteligível. É o abraço mais forte que um aleijado pode dar, é a tez mais pura que um leproso ostenta, é a lágrima de adoração silenciosa que molha os olhos do admirador cego. Viver é criar impressões, é sonhar dentro de sonhos, é delirar enquanto se delira, é perceber-se divagando em tão grande divagação.

É furtar-se dos momentos de dor para melhor lembrá-los como não os são - como nunca o foram. É viver de vez os momentos de alegria para não ter do que recordar logo além. É desejar mais quando não se sabe o que quer, é não querer mais nada quando se odeia tudo a que se agarra.

A vida é uma criança. É nunca querer ficar velha, é nunca querer amamentar, é nunca querer cuidar, é nunca querer sofrer, é nunca querer brincar, é nunca querer poder, é nunca querer crescer.
O que faz uma criança, pois?

Sonha.

Sonha sonhos dentro de outros sonhos.

A vida é uma criança. Uma criança arteira. Uma criança arteira faz arte.
Não ouse a mãe de vento dizer que crianças brincam. Elas fazem arte.
Não ouse um pai de não sei quê falar que uma criança não quer. Elas fazem arte.
Não ouse uma velha seca de prantos balbuciar que uma criança quer. Elas fazem arte.
Não ouse um demente qualquer gaguejar que uma criança nada é. Elas fazem arte. Quem faz arte, é mais do que é permitido ser.

A vida é uma criança. É não querer acordar quando já se está acordado. É querer morrer para saber como é bom viver. É gostar da loucura por não falar com a estranha da razão.

Ah, a vida... esses sonhos dentro de outro sonhos. Cobrir-me de luto ou cobrir-me de glória, nada querer ou quere demais... Hoje, sonho não sei quê, esperando amanhã (agora, que importa?) sonhar não sei onde sabe-se lá o quê. Mas a vida é uma criança.
Só sonho, nos meus sonhos, em fazer mais arte.