sexta-feira, 30 de outubro de 2009

As Muitas Faces do Eu

Eu sou o que sou.
O que sou é mistério.
Eu sou o que sou,
Não quero saber o que.

Sei o que não sou por enquanto,
E o que quero ser não importa.

Sei o que fui mas ignoro,
Serei mais do que já fui um dia,
tudo de uma vez só.

Eu rio quando estou alegre,
Eu choro quando estrou triste,
Eu arranco os meus cabelos e
Eu ranjo os dentes quando odeio.

Eu me queimo quando estou amando.
Eu não sou brasa, sou o salto mais
alto da mais quente chama do Inferno
E eu sou a mais santa das flamas do Paraíso.

Eu queimo, eu queimo, mas não viro cinzas.
Eu derreto. Eu sou ouro, e me misturo na terra,
Eu viro uma liga com a terra, eu fico puro.

Então me curvo. Ou então eu me ergo.
Então eu canto e exalto, ou
Então eu me esquivo e amaldiçoo.

Eu me espicho e alcanço ou então
Eu me contraio e desdenho.
Eu esnobo e cuspo em cima ou então
Eu me detenho e acaricio.

Então eu sinto. Então eu vivo. Então eu sou.
Eu rio, eu chora, eu gargalha, eu grita, eu sofre.

Eu sou.

Sou muito mais.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Momento Difícil

Atalanta é uma pequena cidade com menos de 4 mil habitantes em Santa Catarina. Seus habitantes são, em maioria, decendentes de colonos, e há três grandes potências na cidade: um par de postos de gasolina da mesma rede, uma beneficiadora de fumo e uma madeireira.

Havia uma família na pequena cidade composta apenas por pai e dois filhos. A mãe deixou-os quando a filha mais velha tinha 10 anos. O pai, cujo nome não lembro ao certo, tocou a família desde então.
Essa semana, quatro anos depois da mãe abandonar o lar, o pai da pequena grande família sofreu um acidente de trabalho na madeireira: uma carga de toras caiu em cima dele. Como ele era doador, não demorou para que chamassem os parentes e passassem o laudo da morte cerebral.

Camila e Alan, não conheço vocês. Não sei se seus nomes são com C e não com K, ou se são com um ou dois Ls, mas rezarei pelos dois. Não sei o que mais posso fazer, mas tentarei descobrir. Também rezarei pelos seus avós e madrinha que cuidarão de vocês. Espero que agora, mais do que nunca, sejam irmãos, e espero que não passem um momento do dia sequer sem apoio para uma hora tão difícil. Não sei como expressar minha tristeza de outra forma, espero poder expressar minha ajuda de outras.

Essa semana uma conhecida perdeu a mãe. Não vou me perguntar se isso é justo ou qual o sentido disso, porque da morte eu sei pouco e serei presunçoso se tentar falar de um sentimento que não senti.

Camila, Alan, pode ser que vocês jamais leiam este texto. Mas se crescerem juntos, saudáveis de corpo e mente, fortes e encontrarem a felicidade nas pequenas coisas de todo santo dia, ficarei muito mais agradecido. Amo vocês dois, mesmo sem nunca ter visto vocês ou sem nunca ter falado com vocês ou ouvido falar de vocês antes.

Como sabemos, nessa hora todo consolo é vão e todo apoio é pouco. Enquanto está escuro, vamos esperar o Sol nascer de novo.